O carvão mineral representa 41% da matriz energética mundial. No Brasil, ele é responsável por apenas 1,4% de toda a energia produzida no País. Para começar a mudar este quadro, as Federações das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), Santa Catarina (FIESC) e Paraná (FIEP) promoveram, nesta terça-feira (2), na sede da FIERGS, em Porto Alegre, o Fórum Industrial Sul − O Carvão Mineral na Nova Economia da Região Sul. "É indispensável reunirmos todos os setores, gestores públicos e privados, e exercer, com diálogo, pressão para que realmente o governo federal invista mais no carvão mineral para a geração de energia", afirmou o presidente da FIERGS, Heitor José Müller. "Esta união das federações é muito importante porque dá unidade e representatividade ao nosso pleito. Vamos reintroduzir o carvão na matriz energética brasileira", observou o presidente da FIESC, Glauco José Côrte.
O Rio Grande do Sul detém 89% das reservas nacionais deste mineral. Mas, atualmente, importa 79% de toda a energia que consome. "O que deixa a indústria gaúcha e a sociedade como um todo em uma posição muito vulnerável", alertou Müller. Ele destacou, ainda, que a extração de carvão não representa mais risco ao meio ambiente. "A paisagem das vagonetas do século 19 e das locomotivas Maria-fumaça ficam como o registro histórico de um ciclo que terminou. Atualmente, são aplicadas tecnologias que garantem a produção nos padrões ambientais adequados, desde a fase da lavra até as termelétricas".
Segundo o coordenador do Conselho de Meio Ambiente (Codema) da FIERGS, Torvaldo Antônio Marzolla Filho, o carvão produz uma energia limpa. "O grande problema é que a maioria das pessoas tem a mentalidade do carvão da década de 30 e 40, hoje a realidade é outra. É uma energia firme e não está sujeita a oscilações da natureza, como a chuva, no caso dos reservatórios de água, ou do vento, como a energia eólica", lembrou.
O vice-governador do Estado Beto Grill ressaltou que a inclusão pelo governo federal do carvão mineral no próximo leilão de energia "corrige uma injustiça" e que, no mundo inteiro, o passivo ambiental que antes era criado não existe mais. Tanto que o governo do Estado, segundo ele, tem uma posição proativa em defesa da utilização deste minério para a produção de energia.
Presidente da Frente Parlamentar Mista de Defesa do Carvão Mineral no Congresso Nacional, o deputado federal Afonso Hamm fez uma advertência em relação aos prejuízos que o Estado poderá sofrer por falta de investimentos no setor energético. "O Rio Grande do Sul fica na ponta da transmissão, sob um risco de apagão", ressaltou. Ele citou como exemplo a participação do carvão mineral na geração de energia elétrica em nações como África do Sul (com 93%), China (79%) e Índia (69%). "Os países não abrem mão da segurança energética porque é vital para o desenvolvimento e o Brasil precisa ampliar sua potencialidade", enfatizou.
Duas palestras foram realizadas durante o Fórum Industrial Sul. Na primeira delas, o presidente da Associação Brasileira de Carvão Mineral, Fernando Luiz Zancan, lembrou que o carvão é penalizado, por exemplo, por juros mais altos junto ao BNDES. O que compromete a sua competitividade. "Precisa haver uma isonomia entre todas as fontes para poder participar dos leilões", disse. Já o economista e professor da Universidade Federal Fluminense, Cláudio Considera, chamou a atenção que o carvão representa uma fonte segura de geração de energia. "Temos poucas usinas funcionando no Brasil, isso vai revolucionar a vida de muitos municípios", comentou. Ele revelou, ainda, que para a instalação de uma usina termelétrica com capacidade de geração de 340 MW (5% do total de todas as fontes de energia que o País necessita gerar por ano), é necessário um investimento de aproximadamente R$ 2,2 bilhões.