Preço das commodities é o principal fator de risco para a inflação
As indústrias devem ser afetadas pelo intenso crescimento dos custos da matéria-prima no mercado internacional, alerta um estudo realizado pela Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), e divulgado nesta quarta-feira (18), pelo presidente da entidade, Paulo Tigre. O aumento do preço das commodities (agrícolas, metais e energia) é o principal fator de risco para a inflação registrada no mundo chegar ao Brasil. "Os choques de inflação ainda não foram dissipados e devem implicar em maiores custos de produção no setor industrial brasileiro", afirma Tigre.
A intensidade dos reajustes mundiais dos preços dos metais, da energia e dos produtos agrícolas, as principais commodities compradas pelas indústrias, nos últimos quatro anos, foi de 24%, 145% e 208%, respectivamente. Entre os principais fatores estão as novas finalidades no uso da terra, a perda do valor do dólar, o crescimento econômico dos países emergentes, a incapacidade de aumentar a oferta de matéria-prima no curto prazo e os problemas climáticos. "Há uma defasagem de custos das matérias-primas no Brasil. Durante algum tempo, a taxa de câmbio no país conseguiu segurar os valores. Porém esse cenário não irá perdurar no médio prazo", explicou o presidente da FIERGS.
Diante desse cenário prospectivo, Tigre alerta para a possível redução de margens de lucro no setor, o que deve ter como conseqüência uma menor capacidade de investimentos. "Os aumentos de custos surgem em um momento delicado para a indústria, em especial àquela que tem planos de expansão". O levantamento aponta três importantes fontes de inflação futura que devem atingir a indústria nacional:
ENERGIA (petróleo, carvão, gás natural)
O principal componente de choque inflacionário no segmento energético é o petróleo. E as principais razões para o rápido crescimento do preço deste produto são a estabilidade cambial, a presença de especuladores (mercados futuros), a falta de elasticidade da oferta (maiores custos do investimento via preço dos metais) e da demanda (o preço maior não tem impedido o avanço do consumo).
METAIS (alumínio, cobre, minério de ferro, chumbo, níquel, zinco) O aumento dos metais está fortemente associado ao crescimento da demanda, especialmente na China e Índia, além da correção da perda de valor do dólar, falta de ampliação da oferta (estrutura de produção com menor concorrência) e aumento da renda per capita.
AGRÍCOLAS (milho, soja, trigo, arroz)
Razões para expansão dos preços pela relação entre oferta e demanda: crescimento do consumo em países emergentes, falta de elasticidade da oferta no curto prazo, problemas climáticos em grandes áreas produtoras, destinação de terra para outros fins e a elevação do preço do petróleo, que impacta nos custos de produção agrícola.