"A Política Industrial é importante para o planejamento das empresas. Mas as medidas anunciadas são abrangentes e uma avaliação concreta dependerá das suas regulamentações. Esperamos que sejam rapidamente viabilizadas", disse o presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), Heitor José Müller, após participar do anúncio do pacote de incentivos para a indústria, denominado Plano Brasil Maior, nesta terça-feira (2), em Brasília. A iniciativa do governo federal busca desonerar a produção em R$ 20 bilhões nos próximos dois anos e estimular a competitividade do setor.
O industrial argumenta que agora é necessário fazer o trabalho de sintonia fina da política anunciada para atender às realidades regionais do País e às características dos segmentos de atividade, em uma visão de cadeias produtivas. "A FIERGS inicia hoje uma consulta aos sindicatos filiados para avaliar os efeitos das medidas e o que pode ser agregado em relação aos setores específicos", antecipou Müller. Outra frente de trabalho, afirmou, será monitorar a operacionalização das propostas divulgadas pelo governo para que sejam plenamente implementadas e aproveitadas, dando acesso às indústrias de menor porte e sem burocracia.
Um dos pontos positivos do Brasil Maior que mais chama a atenção, segundo Müller, é a desoneração da folha de pagamento para alguns setores intensivos em mão de obra, como Confecções, Calçados e Artefatos e Móveis. Neste caso, o Rio Grande do Sul terá maiores ganhos em relação ao restante do País, pois possui uma grande concentração dessas indústrias. Também citou o ressarcimento de créditos tributários, o Reintegro, a defesa comercial, o estímulo à inovação, as desonerações e as compras federais com preferências a fornecedores aqui estabelecidos. "Várias medidas estão no sentido do que a FIERGS vinha defendendo. Por exemplo, criar uma base de compensação competitiva para enfrentar a questão cambial". O industrial destacou o pronunciamento da presidenta Dilma Rousseff quando ela falou sobre "o protagonismo da indústria no processo de desenvolvimento".
Entre os temas que ficaram em aberto no Plano Brasil Maior e que preocupam o setor industrial gaúcho estão a falta de uma visão de longo prazo e de medidas permanentes, tais como a redução da carga tributária, mais investimentos em infraestrutura e menos burocracia. "O governo deu foco na questão do financiamento e deixou de fora as questões estruturais", disse Müller.