Você está aqui

Indústria prevê desaceleração no crescimento para 2009

O ano de 2008 se encerra com forte atividade na indústria gaúcha, mas mesclada à preocupação com o próximo ano. Abalada pela crise internacional que se intensificou a partir de setembro, a economia mundial deverá seguir um caminho diferente em 2009, com maiores incertezas e pela baixa confiança de consumidores e investidores. Esta é a síntese do Balanço 2008 e Perspectivas 2009, apresentados nesta terça-feira (dia 9), pelo presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), Paulo Tigre.

O industrial avalia o ano de 2008 como positivo. "Foi muito bom para o Brasil e para o Estado, com empresas trabalhando com índice de ocupação em torno de 86%, em até quatro turnos. Agora, devemos voltar à planície", disse Tigre. As projeções para o próximo ano, considerando três cenários (pessimista, moderado e otimista), indicam que o crescimento da economia do Brasil deverá oscilar entre 0,7% e 2,8%. No Estado, a variação ficará entre 0,3% e 2,3%.

Após um ciclo de seis anos de forte aumento na atividade econômica mundial, alicerçado em estabilidade de preços, maiores transações comerciais e expansão do crédito e da renda, a piora nas condições internacionais nos últimos meses determina os rumos para a economia em 2009. No quarto trimestre de 2008 e no primeiro trimestre do próximo ano deverão ocorrer grandes ajustes. Para o presidente da FIERGS, a situação necessita ser enfrentada com realismo. "Precisamos estar alertas, acompanhando o dia-a-dia e ouvindo os setores, as empresas, dialogando e cobrando dos governos federal e estadual, colocando nossa realidade", comentou Tigre, no evento realizado na sede da entidade.

O sucesso no combate à desaceleração segundo Tigre, irá depender basicamente da "melhora da confiança no futuro", com o restabelecimento do crédito no mercado e taxas de juros mais propícias ao investimento. Para a FIERGS, em um cenário moderado, com maior chance de realização em 2009, o Brasil deverá apresentar no próximo ano uma expansão do PIB de 2,1%, e o Rio Grande do Sul, 1,6%.

Entre os países emergentes, deve-se verificar uma forte desaceleração na taxa de crescimento, inflação ainda elevada e desvalorização das moedas nacionais frente ao dólar. O Brasil não deverá ficar livre disso, mas devido às melhores condições do Balanço de Pagamentos (o fluxo de dólares continuará positivo), projetam-se menores impactos cambiais. Esse ponto é importante para determinar a dinâmica dos preços, cuja perspectiva é de estabilidade em patamar dentro das metas de inflação. As restrições de crédito devem perdurar, na esteira de prazos mais curtos e custos maiores para consumidores e empresas.

Ainda de acordo com a FIERGS, um cenário pessimista para 2009 aventa a possibilidade de uma recessão mundial. Nesse caso, ela poderá inclusive ser verificada no Brasil, de forma mais branda, acompanhada de maiores oscilações na taxa de câmbio, piora no mercado de trabalho e de crédito. No Estado, as perspectivas mais pessimistas são relativas à queda nas transações comerciais com o exterior e aos impactos da desaceleração da atividade na arrecadação fiscal do governo. Até outubro deste ano, os Estados Unidos permaneciam como o principal destino das exportações gaúchas, com mais de US$ 2,2 bilhões.

As projeções para o cenário otimista consideram que os pacotes de estímulo nos países desenvolvidos e também nas economias emergentes, como o promovido pela China, já comecem a produzir resultados a partir do segundo trimestre de 2009. Nesse caso, os países emergentes conseguiriam compensar a retração dos desenvolvidos. Essa perspectiva teria reflexos nas projeções para o Brasil e para o Rio Grande do Sul, que poderiam experimentar apenas uma leve desaceleração.

Publicado Terça-feira, 9 de Dezembro de 2008 - 0h00