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Nova fonte de energia natural mobiliza indústrias da Região Sul do Brasil

Uma nova fonte natural de energia está mobilizando governos e empresários de diversos países em busca de independência energética. O Shale Gas (gás natural produzido a partir do xisto) é semelhante ao petróleo e pode ser usado como combustível de carros, geração de eletricidade, aquecimento de casas e para a atividade industrial. O tema foi tratado, nessa quinta-feira (29), no Seminário Oportunidades na Exploração do Gás Não Convencional − Xisto, na sede da FIERGS, realizado pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI) e pelos Conselhos de Meio Ambiente e de Infraestrutura da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul, em parceria com a do Paraná e de Santa Catarina.

Especialistas preveem para os próximos anos uma revolução em escala global na área de energia, com implicações geopolíticas importantes. Os Estados Unidos, maior consumidor do planeta de combustíveis fósseis, projetam sua independência energética em uma década com a exploração de xisto. A estimativa é que, até 2020, esse gás vai adicionar de 2% a 4% ao Produto Interno Bruto (PIB) anual dos EUA, atualmente o maior produtor, com reservas de 24,40 trilhões de metros cúbicos. As principais reservas de shale gas estão localizadas na China, seguida dos Estados Unidos, da Argentina e do México. O Brasil figura como décimo colocado no ranking, com contingente estimado de 14,60 trilhões de metros cúbicos. "Estamos trabalhando para mapear nosso potencial, definir a regulamentação e desenvolver tecnologia de extração e produção", afirmou a diretora do Departamento de Gás Natural do Ministério de Minas e Energia, Symone Christine de Santana Araújo.

O presidente da FIERGS, Heitor José Müller, salientou que a participação do Ministério de Minas e Energia é importante na medida em que parcerias estão sendo firmadas com os Estados Unidos e a Inglaterra visando desenvolver tecnologia que permita a exploração do gás não convencional de forma cada vez mais competitiva. "Logicamente, isto implica uma eficiente e moderna regulamentação, muito mais no sentido de agilizar do que bloquear as fontes de energia. Isto porque não podemos perder mais tempo com retrabalhos que atrasem investimentos importantes para o País e para a Região Sul", afirmou.

No evento, as Federações integrantes do Fórum Industrial Sul entregaram à Agência Nacional de Petróleo a solicitação de abertura de uma nova rodada de leilões para a exploração de Blocos de Gás na Região, para os Santa Catarina e Rio Grande do Sul, assim como aconteceu na 12ª Rodada, quando foram contemplados São Paulo e Paraná. Conforme a superintendente de Definição de Blocos da ANP, Eliane Petersohn, as três rodadas de licitação realizadas no ano passado colocaram mais de 100 mil quilômetros quadrados de novas áreas para a execução de atividades exploratórias. Os desafios estão associados ao desenvolvimento de uma indústria de bens e serviços (cadeia produtiva), construção de infraestrutura de escoamento, disponibilidade de sondas e unidades de fraturamento de grande porte, questões ambientais, entre outros fatores.

Para o diretor de Relações Industriais e Institucionais da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Henry Quaresma, a produção do shale gas no Brasil traz boas perspectivas para o setor industrial. "Mas, precisamos aperfeiçoar a discussão em torno do tema. O Fórum Industrial Sul contratou um estudo sobre as demandas de gás da região e a capacidade de suprimento. O resultado deverá ficar pronto em 10 semanas", disse.

Publicado quinta-feira, 29 de Maio de 2014 - 0h00