A quinta-feira foi um dia histórico para o Programa Cozinha Brasil. Pela primeira vez no país, o curso desenvolvido pelo Sesi Nacional para ensinar à população o preparo de alimentos com alto teor nutricional e baixo custo formou alunos dentro de um presídio.
A Penitenciária Estadual Modulada de Montenegro foi a escolhida pelo Sesi-RS para a experiência. Durante uma semana, a unidade móvel do Cozinha Brasil ficou estacionada no pátio, onde vivem 700 apenados. Vinte e quatro presos, escolhidos por bom comportamento e por já atuarem em atividades da rotina carcerária, foram escolhidos para freqüentar as aulas.
Eles aprenderam os segredos nutricionais dos alimentos, receitas de baixo custo e também maneiras de aproveitar a totalidade dos alimentos, sem desperdício. "É preciso mostrar o que há de bom no sistema prisional. E este curso é um exemplo disto. Estas aulas ensinam muito mais do que cozinhar, mostram um caminho para a inserção destes indivíduos na sociedade", afirma o diretor-geral da penitenciária, Valdecir Massia.
Para a coordenadora do Cozinha Brasil no Rio Grande do Sul, Rosângela Lengler, a iniciativa de apresentar o curso para a população carcerária foi totalmente aprovada. "É uma questão de cidadania. E este exemplo mostra que estamos levando a responsabilidade social para toda a sociedade", diz.
Um dos alunos do curso foi J.M.G., de 42 anos, que depois de um ano e meio de reclusão, deve ganhar a liberdade nos próximos dias. Açougueiro de profissão, ele é um dos cozinheiros do presídio e já vem usando o que aprendeu para incrementar o cardápio servido aos detentos. Agora, ele aguarda a oportunidade de cozinhar também fora dos muros da penitenciária. "Tudo que aprendi aqui, vou usar em outros momentos da minha vida. Saio do presídio sabendo cozinhar e com mais chance de arranjar um emprego", explica.
