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Crise mundial é séria, mas, por enquanto, não deve afetar o Brasil

Seminário com economistas Paulo Guedes e Marcelo Portugal foi realizado na FIERGS

A crise mundial é séria mas, por enquanto, o Brasil é figurante e está, relativamente, blindado. Essa foi a conclusão da palestra do economista Paulo Guedes no seminário "Novos Cenários − Macroeconomia em Negócios", promovido pelo Sistema FIERGS, por meio do Instituto Euvaldo Lodi (IEL-RS). "Estamos passando pelo choque eurasiano", afirmou Guedes. "São 3,5 bilhões de chineses, paquistaneses e indianos entrando no mercado de trabalho por um salário baixo. Há um excesso de oferta de mão-de-obra e de demanda por alimentos e combustíveis, pressionando a inflação de forma global", explicou.

O economista, que é doutor em Economia pela Universidade de Chicago (EUA), destacou ainda que os Estados Unidos ainda permanecerão nesta crise por uns três ou quatro anos e são os grandes responsáveis, junto com a Ásia, pela recessão mundial. "Durante anos, em cada crise, o Alan Greenspan (ex-presidente do Banco Central americano - Fed) abaixava o juro. Nos últimos anos, esse remédio começou a não adiantar mais", comentou. "Os americanos estão empobrecendo há oito anos, mas ainda não se deram conta devido a sua cultura fechada", disse Paulo Guedes. Com relação ao Brasil, ele lembrou que o método de baixar a taxa de juro já havia sido usado nos anos 80. "Depois dos índices de inflação que tivemos, aprendemos a controlá-la. Pode não ser o método que todos gostariam, mas estamos conseguindo segurar a inflação", concluiu.

Já o economista Marcelo Portugal, doutor em Economia pela Universidade de Warwick e professor da Ufrgs, expôs que a inflação é global, por questões das commodities (problemas de safra e produção para biocombustíveis) e também por problemas estruturais. "Nosso problema maior é como controlar a inflação sem abortar a retomada do crescimento", salientou Portugal. Conforme ele, a tendência é que o Brasil fique com uma inflação em torno de 6,7% em 2008, mas as taxas de juros deverão aumentar bastante. "Temos que torcer para o Banco Central não subir demais e terminar com o crescimento econômico", observou. Marcelo Portugal ainda mostrou que o Rio Grande do Sul vem tendo um aumento da arrecadação durante todos os meses do ano, sendo que em junho o índice de crescimento alcançou 23%.

O seminário faz parte do Programa de Educação Empresarial do IEL-RS, que tem por finalidade promover a competitividade da indústria através do desenvolvimento de lideranças e do aperfeiçoamento da gestão. Em agosto, o programa vai promover palestra com o economista e professor da Universidade de New York, Nouriel Roubini, no dia 19, às 15h30min, e no dia 26, o professor do Insead (França), James Teboul.

Publicado Terça-feira, 15 de Julho de 2008 - 0h00