A melhora no mercado interno foi o principal fator de impulso para a indústria do Rio Grande do Sul em 2007, segundo os empresários gaúchos. Para 2008, a perspectiva é de manutenção desse cenário, apesar da elevada carga tributária, da expectativa negativa em relação à taxa de câmbio e do aumento dos preços das matérias-primas.
Esta é a principal conclusão do Panorama da Indústria, pesquisa realizada pela Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul com uma amostra de 105 empresas que detém um faturamento de R$ 36,27 bilhões e empregam 69.933 trabalhadores. A pesquisa foi divulgada nesta quarta-feira (dia 9), pelo presidente da FIERGS, Paulo Tigre. "Os resultados apontados confirmam a tendência de mudança de foco do empresário gaúcho, em um ambiente onde torna-se cada vez mais difícil vender para o exterior", destaca Tigre.
A perspectiva de um cenário econômico nacional favorável (em 68,27% das respostas), de um bom desempenho agrícola (39,42%), e a retomada das reformas estruturais (37,50%) são os fatores positivos para 2008 mais lembrados na pesquisa. Por outro lado, três principais itens permanecem sendo citados como ameaças aos negócios: carga tributária elevada (59,62%), aumento dos preços das matérias-primas (49,04%) e a valorização cambial (30,77%). Além disso, a pesquisa apontou um novo entrave citado pelos empresários gaúchos, a diminuição dos incentivos tributários no Rio Grande do Sul (20,19%).
Entre as ações estratégias para 2008, citadas como forma de enfrentar as dificuldades que aparecem no cenário projetado, destacam-se a ampliação das vendas no mercado interno (65,38%), a redução de custos (61,54%), e o desenvolvimento e lançamento de novos produtos (56,73%). De acordo com os empresários gaúchos, a ampliação das vendas no mercado externo perdeu importância na determinação das ações estratégicas. "O resultado reflete as dificuldades enfrentadas pelos exportadores em um ambiente de câmbio valorizado, custos produtivos e logísticos elevados e uma pesada carga tributária", analisa Tigre.
A pesquisa também revelou que os empresários industriais planejam investir cerca de R$ 1,15 bilhão em 2008 no Rio Grande do Sul, dos quais 45,8% devem ser destinados principalmente para a aquisição de máquinas e equipamentos, 16,79% em obras e ampliações e 7,68% em pesquisa e inovação. A perspectiva de maior demanda no mercado interno nos próximos anos, o ambiente econômico favorável no país, a necessidade de aumentar a escala de produção para reduzir custos e fazer frente aos concorrentes e a concorrência no mercado externo são alguns dos principais fatores que determinaram a decisão dos investimentos.
