As constantes e cada vez mais restritivas barreiras enfrentadas pelos exportadores brasileiros em suas relações de comércio com a Argentina formam um cenário de insustentável perda financeira e crescente tensão política. Os vários aspectos dessa realidade serão analisados por renomados especialistas dos dois países no seminário "A realidade econômica e as perspectivas comerciais da relação Brasil-Argentina". O evento acontece na terça-feira, dia 05 de novembro, a partir das 13h30min na sede da FIERGS (Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul) em Porto Alegre - Avenida Assis Brasil, 8787. Os resultados das recentes eleições no país vizinho trazem também elementos novos para este debate.
O seminário será composto por dois painéis complementares. O primeiro, de viés econômico, terá como palestrantes e debatedores o economista Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central do Brasil, o economista Juan Carlos De Pablo, colunista de Economia do ‘La Nación‘, Heitor Klein, presidente da Abicalçados, e Marcos Oderich, coordenador do Conselho da Agroindustrial da FIERGS.
O segundo segmento do evento destaca um painel que irá levantar as questões políticas envolvidas na relação comercial entre Argentina e Brasil, com as presenças do cientista político Marcelo Suano, sócio-fundador do Ceiri (Centro de Estratégia, Inteligência e Relações Internacionais); do cientista político Vicente Palermo, do Cipol (Centro de Investigaciones Políticas); do subsecretário-geral Da América do Sul, embaixador Antônio José Simões, e José Augusto Fernandes, diretor de Política e Estratégia da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
A abertura do seminário "A realidade econômica e as perspectivas comerciais da relação Brasil-Argentina" estará a cargo de Heitor José Müller, presidente da FIERGS (Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul). O evento contará ainda com as presenças de diversas lideranças empresariais e políticas do Brasil e do Estado.
Entre as iniciativas da FIERGS em relação aos entraves do país vizinho está a criação do Sistema de Monitoramento das Barreiras Argentinas (Simba). Por meio dessa ferramenta, os gargalos enfrentados pelos exportadores gaúchos são reunidos e avaliados. As informações obtidas em sondagens, levantamento de dados e consultas direta a empresas, sindicatos setoriais e entidades têm como objetivo articular soluções junto aos governos federal estadual e aos parlamentares.
A situação
É voz corrente nas esferas econômicas e políticas brasileiras, e em especial no Rio Grande do Sul, que se faz urgente o estabelecimento de novos padrões para a relação econômica entre a Argentina e o Brasil. O estado sulista brasileiro tem no país vizinho o principal destino de suas exportações; a manutenção e, pior, a perspectiva de agravamento nas medidas restritivas impostas pela Argentina à entrada de produtos brasileiros impacta seriamente as empresas gaúchas e prejudica a economia brasileira como um todo.
Especialistas dos dois países identificam como problema central da Argentina, a sua atual incapacidade para atrair capital internacional, fato que está diretamente relacionado às sucessivas negativas do governo daquele país em negociar algum tipo de acordo com vários dos credores de sua dívida externa. Esta incapacidade de acesso aos mercados internacionais de capital está afetando gravemente a economia da Argentina.
Em 2001, ano do calote argentino, o cenário era outro, mas há similaridade entre aquele período e o atual. Enquanto o Brasil não diversificar suas relações comerciais exteriores e buscar parceiros em indústrias-chave, fora da Argentina, será incapaz de proteger-se de um declínio ainda mais acentuado de seu vizinho.