O presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), Gilberto Porcello Petry, alerta que empresas e empregos estão sob ameaça caso o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tenha que devolver antecipadamente, em 2018, R$ 130 bilhões da dívida com o Tesouro Nacional. O pedido para o ressarcimento deste valor no próximo ano, e de R$ 50 bilhões em 2017, foi formalizado pelo Ministério da Fazenda. “Apoiamos o ajuste fiscal e sabemos que o controle das finanças públicas é o único caminho possível para que a economia se desenvolva com sustentabilidade. Entretanto, o governo não pode mudar todo o sistema de financiamento de longo prazo em apenas um ano. Milhares de empregos e centenas de empresas poderão fechar devido a essa falta de planejamento, visão estratégica e entendimento do funcionamento do setor industrial”, diz. Ele lembra também que um país que não investe não tem futuro, ao ressaltar que a criação de postos de trabalho, a base para a arrecadação de tributos e a melhora na qualidade de vida dependem da expansão da produção.
Petry explica que o BNDES é um dos poucos mecanismos de financiamento de longo prazo para o setor de Máquinas e Equipamentos – que apresentou 39,2% de queda desde o início da recessão, em 2014 – existentes no Brasil. “É uma das raras alternativas para sustentar a realização de investimentos, em um país em que as taxas de juros são muito elevadas e o setor bancário tradicional não tem interesse em realizar empréstimos de longo prazo com encargos acessíveis”, observa.
Segundo estimativa do próprio banco, os desembolsos de 2017 devem atingir R$ 72 bilhões, valor que inclui todas as linhas, inclusive infraestrutura. Em termos nominais, no entanto, esse patamar é o mesmo de 10 anos atrás. O presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, já avisou que a devolução prevista para o ano que vem inviabilizaria novas concessões. “É importante levar em conta o ritmo da recuperação da economia para realizar essas devoluções. Essa exigência antecipada tem apenas o objetivo de fechar as contas do governo no ano que vem. Mas a União precisa adotar medidas efetivas para os controles de gastos, e a utilização de expedientes pontuais não resolverá o problema estrutural de déficit público”, afirma Petry.
O presidente da FIERGS salienta que sem obter financiamentos, as indústrias produtoras de bens de capital não conseguirão vender e as demais empresas não conseguirão expandir sua capacidade.